Liana e Sebastian decidiram passar a noite juntos, depois de Liana ter contado tudo o que sabia de novo. A parte em que Rúben planeava matar Sebastian deixou todos abalados, mas decidiram não pensar muito no assunto agora que Rúben estava preso e à espera de julgamento. Mas tudo mudou com um telefonema nessa manhã.
- Liana, o teu telemóvel está a tocar...
- Não quero saber... - resmungou Liana, ainda meio a dormir.
- Queres sim, pode ser da polícia.
Ao ouvir essa palavra, Liana levantou-se rapidamente e atendeu.
- Liana?
- Olá Laura. Passa-se alguma coisa?
- Sim... Telefonaram-me agora da polícia.
- Novidades?
- O Rúben foi encontrado falecido na cela onde estava. Suicídio. - respondeu Laura, depois de um suspiro.
Houve silêncio dos dois lados da linha. Sebastian levantou-se e tentou estudar a expressão de Liana, mas não conseguiu decifrar o que se passava. Por fim, Laura quebrou o silêncio.
- Eu disse à polícia que ia lá contigo hoje. Eles já tentaram falar com a família, mas sabem muito pouco de onde vivem e quem são.
- Há três anos quando namorávamos ele vivia com a mãe. Mas nunca mais soube nada dela, e eles não eram muito chegados...
- A que horas queres ir lá?
- Quando é que não estás a trabalhar no ginásio?
- Eu... estou desempregada. Demiti-me e contei ao dono que tinha fornecido a tua morada a um estranho através do computador de lá.
- O quê?! Mas porquê? Não precisavas de o fazer!
- Precisava sim, não me sentia bem. Já tenho um novo emprego em vista, e também estou a pensar voltar aos estudos.
- Ok... Então, que tal daqui a uma hora? Encontramo-nos na polícia? Quero esquecer isto tudo de vez...
- Sim, concordo. Até já então.
- Até já.
Depois de dar a notícia do suícidio de Rúben a Sebastian, Liana telefonou a Rita a dizer não só as novidades, mas que também queria que ele estivesse com eles na polícia.
- Ok. Vou para lá daqui a pouco. E olha, encontrei a tua mãe às compras com o Paulo. Fazem um parzinho maravilhoso.
- Aquilo vai às 5 maravilhas. Estou feliz por ela. Até já.
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- Parece que acabou o pesadelo... - comentou Sebastian nessa mesma noite, enquanto jantava com Liana em casa dele.
- É verdade... Acabou por ser mesmo uma história digna de filme policial... Nunca vou é chegar a perceber o que fez o Rúben voltar e onde esteve estes 3 anos. Mas também pouco me interessa. O bom desta história toda é que me fez perceber que encontrei o amor da minha vida.
- Quem é o desgraçado? - brincou Sebastian.
- Não sei... Mas se fosses tu, acho que não te importavas! - respondeu Liana, rindo-se e tocando nas mãos de Sebastian por cima da mesa.
- Sabes o que é que podíamos fazer agora?
- O quê?
- Não te digo. Esperas um bocado e acabas de jantar primeiro.
- Já sabes que detesto quando fazes isso! Sou demasiado curiosa...
- Hoje quem manda sou eu...
- Da última vez quem mandou também foste tu.
- Não, não. Da última vez quem mandou foi a parede de tua casa...
- Realmente tens uma certa razão... - concordou Liana, enquanto se ria.
- E agora para sobremesa...
- É que nem penses. Primeiro dizes o que íamos fazer, depois então vem a sobremesa...
- Mas se eu te disser já não comemos a sobremesa!
- Então não digas! Faz! - suplicou Liana
Sem mais demoras, Sebastian levantou-se, fazendo com que Liana o fizesse também, e começaram a beijar-se...
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- Eu bem disse que já não íamos à sobremesa... - comentou Sebastian, deitado ao lado de Liana e acariciando-lhe o cabelo.
- Eu gosto mais da sobremesa que tu me deste...
- Pois, pois, o que tu queres sei eu...
- Ai sabes? Sabes que te quero a ti?
- Tinha uma ideia...
- E sabes que te amo?
- Hmm... Eu amo mais.
- Nah, nah. Eu amo mais. - picou Liana.
- Se me amas assim tanto, deixas-me comer o bolo todo.
- O que é que isso tem a ver?
- Absolutamente nada.
- Sabes que és um parvo, não sabes?
- Sei. E também sei que gostas de mim assim, e dois parvos juntos dão-se sempre extremamente bem.
- Tantas verdades juntas...
E beijando Sebastian, novamente os dois se perderam um no outro, mas desta vez, com ela a mandar. ;)
FIM...
:)
- Liana, a Laura tem namorado?
- Não sei. Ela sabe da vida de todos, mas ninguém sabe da vida dela lá no ginásio. Sabes de alguma coisa Sebastian?
- O namorado acabou com ela há duas semanas. Ele é meu amigo... Por isso é que lhe perguntei se ela estava bem, e depois tu reparaste nos braços dela.
- Então ela ainda não deve ter outro namorado num espaço de tempo tão curto. Mas as marcas foram de certeza de violência contra ela. A desculpa "caí nas escadas" foi óbvia...
- Não podes ter a certeza... Pode ser tanta coisa...
- Eu acho que foi o Rúben.
- Faz sentido... Mas... Não consigo ter assim tanta certeza.
- Se essa ideia te passou pela cabeça é porque, sim, é bastante provável.
- Eu espero isso e muito mais dele...
- Isto parece cada vez mais um filme policial! E eu que sempre preferi filmes românticos...
- Eu tenho a certeza que depois disto tudo vocês vão fazer uns belos filmes românticos, não é maninho? Mas por enquanto temos de estar alerta.
- Tu até te estás a divertir com isto, não estás?
- Sinceramente? Estou. - respondeu Rita, tentando aliviar o clima.
- Que tal irmos os três ao ginásio amanhã?
- Eu não o quero encontrar...
- Nós vamos estar contigo. Pode ser que descubramos alguma coisa.
- Fica combinado então. A que horas?
- O ginásio abre a que horas?
- Às 9.30 da manhã. A Laura entra ao serviço às 10.
- Então às 10 lá estaremos.
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No dia seguinte, os três entravam as portas de vidro do ginásio e já Laura se encontrava na sua secretária habitual.
- Olá Sebastian, Liana e...?
- Rita.
- Rita... Olá.
Laura continuava com os braços marcados, mas começava a notar-se menos. A expressão dela é que continuava a ser de agitação sempre que os via.
- Liana?...
- Sim?
- Tu tens... falado com o teu amigo, o Rúben?
- Hmmm... Não, nem por isso. Porque perguntas?
- Porque hmmm... Posso falar contigo? A sós?
Liana olhou para Sebastian e Rita, sem saber bem o que fazer.
- Não, aquilo que quiseres falar, tens de o fazer com um de nós ao lado. - respondeu Rita.
Vendo que ninguém lhe ia responder, Liana tentou acalmar a situação.
- Porque é que não falamos aqui, e vocês os dois sentam-se ali naqueles sofás? Assim vocês estão a ver-me, mas longe o suficiente para não ouvirem a conversa.
- Boa ideia - respondeu Sebastian - Vamos Rita.
Enquanto Laura e Liana se sentavam na secretária do ginásio, Sebastian e Rita olhavam atenciosamente para as duas.
- Liana, primeiro tenho que te pedir desculpa...
- Não, primeiro tens de me explixar tudo. Tenho uma certa urgência em saber. De tudo... Não deixes nada de parte por favor.
- Ok... Depois de teres ido embora no dia em que deixaste cair o peso em cima do pé dele, o Rúben veio ter comigo, trocámos números de telefone e decidimos encontrarmo-nos nessa mesma noite. Logo isso foi um erro, eu nem o conhecia! Mas tu sabes o quanto quero um namorado, e que quando eles são giros então... É a minha fraqueza!
Houve uma pausa, mas Liana preferiu não comentar. Durante algum tempo Laura andou loucamente atrás de Sebastian, o que não tinha deixado Liana muito feliz, apesar de na altura ela ter achado que não sentia nada por Sebastian.
- Saímos então, e não fiquei muito feliz por ter-mos passado mais tempo a falar de ti do que qualquer outra coisa. Cheguei mesmo a adizer-lhe isto e ele mudou de tema de conversa durante o resto da noite. Quando era altura de ir para casa ele pediu-me se eu sabia a tua morada. É claro que não sabia, mas estava no computador do ginásio. Ele insistiu que eu fosse ao ginásio, às 11 da noite, para lhe dar a morada! Disse que não. Mas depois de ele... me beijar e dizer que queria voltar a ter amigos aqui, que vocês tinham sido bastante amigos... eu lá fui. Outro erro! Depois fomos para minha casa... Não é preciso contar mais nada, pois não?... Mais um erro...
- Ok... E as marcas nos teus braços? Foi... dessa noite?
- Não... não... No dia a seguir ele voltou lá a casa de surpresa e estava muito irritado...
- Deve ter sido depois de vir de minha casa...
- Pois, eu imaginei. Ele começou a paerguntar porque é que eu não lhe tinha dito que tinhas namorado, como é que ele se chamava, à quanto tempo andavam...
- Tu disseste-lhe como é que ele se chamava? - perguntou Liana, tentando não usar um tom acusatório.
- Não! Já tinha percebido que ele era... horrível! Eu não lhe disse e ele começou a bater-me e obrigou-me a... a... obrigou-me a...
Laura estava perto de desatar num pranto, e Liana sabia muito bem o que é que Rúben a tinha obrigado a fazer.
- Já percebi Laura. Obrigado por teres feito isso.
- Obrigado? Eu dei-lhe a tua morada! Eu só fiz asneira!
- Mas fizeste bem em protegeres o Sebastian. Laura... Tu tens de denunciar o Rúben à polícia...
- Já o fiz...
- Já? - Liana estava espantada. Era algo que ela não conseguia fazer, sem ser em casos extremos... Mas se formos a ver... Este era um caso extremo.
- Sim. A minha irmã viu o estado em que eu estava... Fomos à polícia, eles tiraram fotos dos meus braços, etc. Apanharam-no ontem. Ele tinha um revólver no carro e coisas do género... Acabou por confessar que... queria matar o Sebastian...
As duas olharam para Sebastian. Tudo isto por causa dela, pensava Liana. Ele podia ter...
- Eles vão chamar-te a depôr. E esperemos que não saia tão cedo...
- Laura, só há uma coisa que ainda não percebi... Porque é que o Rúben voltou e onde é que esteve este tempo todo?
- Não faço a mínima ideia. Eu perguntei-lhe, mas ele mudou sempre de tema. Pensei que tu sabias...
- Não, não sei...
As duas abraçaram-se, enquanto Sebastian e Rita se aproximavam. Sem saberem bem o que se passava e o que fazer, permaneceram à espera que Liana contasse as últimas novidades.
- Desculpa ter discutido contigo no outro dia. Mas a partir de agora, por favor, conta-me tudo... Principalmente se tiver a ver com o Rúben.
- Eu sei. Desculpa. - respondeu Liana. Depois do choque desse dia, Liana tinha recuperado e Rúben não tinha voltado a aparecer.
- Eu vi-o no dia em que discutimos. Logo a seguir a levantar-me da mesa, fui para o carro e ele estava no parque. Na altura pensei que era alguém parecido, mas afinal era mesmo ele...
- Isso quer dizer...
- Que ele anda a seguir-te.
- O que é que eu faço?
Nesta altura apareceu Sebastian. Os três iam almoçar juntos.
- Olá maninho. Explica à Liana o que achas que devemos fazer em relação ao Rúben. Eu vou buscar a nossa comida.
- Liana, eu estive a falar com a Rita, e a melhor opção é denunciares o Rúben à polícia. Mesmo que ainda não tenhamos provasm se acontecer alguma coisa já podemos...
- Não!... Não! Isto parece um filme policial, não!
- Liana...
- Eu não vou denunciar ninguém à polícia!
- Tu ainda gostas dele, não gostas? É por isso que estás com pena dele!
- Isso não é verdade! Eu não gosto dele!
- Não?!
- Não PARVO! Eu gosto é de ti!! - gritou Liana. Exaltada com as acusações de Sebastian, Liana nem pensou no que estava a dizer. Simplesmente disse o que sentia. Os dois entreolharam-se e Rita interrompeu o clima.
- Liana, só para que saibas, metade do centro comercial sabe que tu gostas do meu maninho... E tu, "parvo", se há coisa que eu sei, é que a Liana gosta mais de ti agora do que antes do Rúben ter aparecido. E para os dois, eu acho que não devemos denunciar o Rúben até haver algo de concreto para o acusar.
- Não? - perguntou Sebastian.
- Não. Mas acho que a Liana não pode estar nunca sozinha. Hoje dormes em minha casa. E não sais sem eu ou o Sebastian estarmos contigo.
- Até quando? Eu não quero viver escondida!
- Eu sei. Até ele voltar a aparecer ou até sabermos mais alguma coisa.
- Tudo bem...
Os três almoçaram e foram passear pelo centro comercial, até que Liana recinheceu Laura, a recepcionista do Health Club, às compras.
- Olá Laura, tudo bem?
- Liana! - a expressão de Laura foi uma de "porque é que te encontrei aqui...".
- Passa-se alguma coisa? - perguntou Sebastian, que conhecia Laura vagamente através de um amigo. Foi nesta altura que Rita, a mais observadora e pertinente dos três, reparou nos braços de Laura.
- Desculpa, eu sei que nem nos conhecemos mas... que marcas são essas nos teus braços?
- São... Nada! Caí nas escadas, aleijei-me um pouco, foi só isso!
- A desculpa habitual... - sussurrou Rita.
- Laura, podes fazer-me um favor? - pediu Liana.
- O que é? - perguntou desconfiada Laura.
- O Rúben, aquele que estava comigo no ginásio no outro dia, lembras-te dele? - Liana sabia que Laura se ia lembrar, não só por ter havido uma certa química entre eles, mas porque Laura não se esquecia de nenhum rapaz interessante que lhe passava pela frente.
- Hmmm... Sim, vagamente! Porquê?! - Laura estava extremamente agitada.
- Ele tem ido ao ginásio?
- Sim, uma vez ou outra.
- Ok, era só isso, obrigada.
- Mas porquê?!
- Curiosidade Laura. Apenas curiosidade...
Sábado. Enquanto Liana tentava reunir forças para se levantar da cama, pensava em tudo o que tinha acontecido no dia anterior... O elogio de Sebastian de manhã, as aulas, a escolha do bouquet, o aparecimento de Rúben e a discussão com Rita. Tudo num dia que até tinha começado bem.
A única razão pela qual Liana não lhe tinha contado sobre o reaparecimento de Rúben foi porque não queria preocupar demasiado a amiga, e muito menos queria que Rita fosse contar a Sebastian o que se tinha passado. Mal sabia Liana que Sebastian já sabia da história toda desde à alguns dias... E quando Liana conseguiu finalmente levantar-se, algo lhe dizia que a semana ia acabar pior do que tinha começado.
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- Olá Liana.
Não podia ser... Liana estava já vestida e tinha acabado de abrir a porta do seu apartamento quando deu de caras com Rúben.
- O que é que estás aqui a fazer? - perguntou Liana, num tom indignado. Ela tinha prometido a si mesma que ia ser forte e não deixar Rúben tomar conta da vida dela - Como é que descobriste que eu vivia aqui?
- Querida, tenho os meus meios... E estou aqui porque queria falar contigo.
- Pára de me chamar querida, e eu não quero...
- Mas tu és uma querida! Não te estou a chamar "minha" querida... Já vi que estás diferente do passado... Mas eu sei que queres ser minha outra vez...
E sem dar tempo para Liana reclamar, Rúben inclinou-se e beijou Liana, puxando-a contra ele com tanta força que ela mal conseguia respirar.
E ao mesmo tempo, Sebastian olhava imobilizado das escadas, com vontade de... Ele não sabia o que fazer.
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- Larga-me! Pára... estás a aleijar-me! - suplicava Liana.
Não foi preciso mais para Sebastian entrar em acção. Puxando Rúben para longe de Liana, Sebastian fechou o punho e atingiu Rúben na cara, com tanta vontade que por breves segundos Rúben nem sabia onde estava.
- Sebastian?... O que... Oh meu Deus...
- Quem é este?! - perguntou, praticamente a berrar, Sebastian, respirando furiosamente e olhando para Rúben de soslaio.
- Este... É o Rúben... - respondeu Liana, sentindo-se tão fraca que falar era uma tarefa quase impossível.
Sebastian mal conseguiu conter a raiva que se apoderou dele. Este é que era o Rúben... E as palavras que Rita tinha dito vieram-lhe à memória: "traiu-a, roubou-lhe dinheiro", "de repente desapareceu".
- Não andavas desaparecido? O que é que queres mais dela?
- Não sei quem és! Eu não tenho que te explicar nada!
- Ai tens sim meu cabrão!! - gritou furiosamente Sebastian, agarrando Rúben pelo colarinho da camisa e encostando-o à parede - Se tu voltas a aproximar-te da minha namorada, eu juro que te parto todo! Ficas desaparecido para sempre. Que tal? Ainda queres saber quem sou, ou vais pôr-te a andar?!
- Isto não vai ficar assim... - avisou Rúben, enquanto descia as escadas do bloco de apartamentos, ainda atordoado pelo murro de Sebastian.
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- Estás melhor?
- Sim, obrigado. Por tudo...
Depois de Rúben ter saído, Sebastian levou Liana novamente para dentro de casa e abraçou-a durante mais de uma hora, enquanto ela chorava e chorava, tentando explicar tudo a Sebastian por entre soluços.
- Desculpa... Eu... Ele... Ex... Namorado... Desapareceu...
- Eu sei Liana, meu amor, não há problema, eu sei...
- A... Rita... Contou... Não foi?
- Foi, mas não te chateies com ela. Ela só te quer ajudar, e passei a perceber tudo muito melhor depois de saber de tudo. S eu não tivesse sabido, hoje tinha pensado que me estavas a traír - logo que as palavras tinham sido ditas, ele sabia que tinha sido um erro.
- Eu sei! Desculpa... Eu... Desculpa...
- Não há problema, eu percebo. Tenta dormir, ok?
- Ok... - respondeu Liana. Pouco tempo depois já tinha adormecido, enquanto Sebastian telefonava à irmã e relatava o que tinha acontecido.
- Então, como foi? Quero saber de tudo!
- De tudo não queres saber de certeza... Mas foi... divinal...
Rita e Liana passeavam pela avenida, com a praia a metros de distância. Tinham combinado passarem a manhã juntas, pois há algum tempo que não o conseguiam fazer sem interupções.
- Normalmente dizes que foi giro, que gostaste, que foi divertido... Mas desta vez esse "divinal" parece que ultrapassou todas as expectativas.
- Foi... diferente. Foi mais intenso, ele esforçou-se mais, eu estava bem disposta...
- Posso acrescentar que para além de bem disposta, estavas também "disposta" a esquecer o passado?
- Pois, é verdade. Já é mais do que altura de o fazer. Eu mereço isso, o Sebastian merece isso, a nossa relação merece isso.
- Eu também mereço, já agora! Quem é que está sempre aqui a gastar o Latim para te ajudar? - brincou Rita.
- Tens razão. Sou muito chata não sou?
- És um bocadinho... Mas vá, atura-se!
- Tu hoje estás com uma piadinha Rita! - disse Liana, enquanto se ria. A sua melhor amiga tinh aquele dom especial de pôr toda a gente de bom humor, mesmo nos dias maus.
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- Gostas deste vestido? Ai... é tão lindo! Mas caro...
- Mãe, é um vestido de casamento, é normal que seja caro. Se fores comparar com os outros, este até é dos mais baratos.
- O Paulo diz que eu tenho bom gosto e que escolho sempre bom e barato!
- Sim Mãe...
Liana e a mãe tinham aproveitado a tarde para começarem a escolher um vestido de casamento. Mas por muito feliz que Liana estivesse em estar com a mãe, o facto de todas as conversas levarem à referência do nome Paulo não estava a ajudar muito.
- ... e o Paulo disse que quando estivermos a viver juntos vamos ter um gato!
- Um gato?! Tu sempre odiaste gatos!
- Eu?! Oh filha, pronto, não são os meus animais preferidos, mas odiar também não!
- Tudo bem... Depois de sairmos daqui vamos jantar onde?
- Tamanho acima por favor. Preciso de fazer dieta... - disse a mãe para a ajudante na loja - Jantar... Ah, já sei, o Paulo falou-me de um restaurante com carnes cinco estrelas na avenida! Ele diz que a picanha lá é óptima! E vem com uma dose extra de batatas fritas porque há quem não goste do acompanhamento da picanha e eu disse que ia experimentar e ele disse que...
- Oh Mãe, acabaste de dizer que querias fazer dieta, e queres picanha com acompanhamento e batatas fritas e não sei o quê?
- Filha, sim, eu quero fazer dieta. Mas não, eu não disse que ia comer picanha. Eu disse ao Paulo que o ia fazer. O que é muito diferente. Não estás à espera que lhe diga que estou a fazer dieta pois não?
- Qual... é o problema?
- Fica mal! Ele vai olhar para mim e dizer, ou pior ainda, pensar: "Pois, realmente precisas..."
- Mãe!! Ele supostamente gosta de ti como és!
- E gosta, eu não tenho dúvidas! Mas é melhor não arriscar.
- Tu é que sabes...
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- Ai Rita, não aguento mais, ela não se cala! - desabafou Liana, ao telefone nessa mesma noite com Rita.
- É assim TÃO mau?
- "Ai o Paulo disse...", "Ai o Paulo fez...", "Ai o Paulo quer...". Mau?! Não, é péssimo!! Ela até mentiu sobre gostar de gatos! Eu que quis um gatinho quando era pequena, ela não deixou. Chamou-lhes bolas de pêlo que arranham tudo... E agora o Paulo quer um gato, por isso a dona minha mãe até passou a adorá-los!
- Estás com inveja?
- INVEJA?! - gritou Liana chocada - Não é inveja, é... uma injustiça! E o que mais me chateia é que ela anda a mentir-lhe!
- Mentir? Como assim? Ela anda a traí-lo?
- Não Rita, mas diz que gosta de gatos, que gosta de picanha, não lhe diz que faz dieta. Eu imagino que mais ela lhe disse... Quem sabe, talvez tenha dito que tem 20 anos e é virgem?!
- Liana, ele sabe que tu és filha dela... Logo, é óbvio que a tua santa mãe não é...
- Rita, era um exemplo, estava a ser sarcástica...
- Não estás a exagerar?
- É provável. Mas é irritante!
- Tens de ter paciência. A tua mãe está a viver o amor que nunca teve. É quase como se fosse adolescente outra vez.
- Porque é que tens sempre razão Rita? Nunca tinha visto as coisas assim...
- Está cá a maravilhosa tua amiga para te pôr a ver as coisas como deve ser. E tem calma. Isso passa depois da lua de mel. :P
- Ainda faltam uns três meses até lá. E é porque eles estão cheios de pressa para dar o nó.
Mas apesar do quanto Liana reclamava, o amor que a mãe estava a viver dava-lhe forças para acreditar que tal sentimento poderia existir entre um homem e uma mulher.
- Liana...
Sebastian simplesmente não conseguia esperar mais. A viagem de carro, a entrada no bloco de apartamentos e o tempo de Liana pousar a mala tinha parecido uma eternidade.
Ele resolveu avançar para junto dela. Pôs as mãos na sua cintura e encostou-a a ele, enquanto baixava os lábios para os dela. Um segundo depois já se beijavam desejadamente. As línguas dos dois dançavam e procuravam, enquanto as mãos dela tocavam no pescoço de Sebastian, para depois subirem um pouco...
De repente Sebastian parou de a beijar, agarrou Liana pelas pernas e segurou-a contra a parede... Rodeando a cintura de Sebastian com as pernas, Liana voltou novamente a tentar chegar aos lábios dele. Mas Sebastian não deixava...
- Pára com isso... - sussurrou Liana - Nâo me tortures...
Durante 1, 2, 3 segundos ambos trocaram olhares. E novamente Sebastian beijou Liana, como se nada mais no mundo existisse. Só eles os dois e a parede da casa dela. Pouco tempo depois, Sebastian pousou Liana no chão, pegou-lhe na mão e conduziu-a para o quarto dela.
Depois de Liana fechar a porta, Sebastian sorriu, pegou nela ao colo e sentou-a em cima da cama, sentando-se também. Liana voltou-se para Sebastian e desapertou um por um os botões da camisa dele, enquanto ele a olhava desejadamente. E mais uma vez recomeçaram a beijarem-se, enquanto as mãos dele delineavam o pescoço dela, descendo para o decote, acariciando um seio, depois o outro, por cima do vestido que começava a estar a mais no meio dos dois... Por isso a outra mão foi à procura do fecho do vestido. Menos um obstáculo... Um pouco depois Liana estava deitada, de lingerie, enquanto desapertava o cinto e o fecho das calças de Sebastian.
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Sebastian deitou-se levemente por cima de Liana, beijando-lhe o pescoço enquanto ela fechava os olhos e inclinava-se levemente para trás. Sebastian levou uma mão ao seio direito e acariciou-o levemente, enquanto Liana começava a sentir os conhecidos arrepios pelo seu corpo...
Liana começou também a deixar deixar descer as suas mãos, mais e mais, passando dos cabelos ao pescoço... do pescoço às costas, das costas para dentro dos boxers.
Mais e mais o desejo de se terem um ao outro crescia, até não haver mais roupa no meio dos dois. A mão de Liana foi ao encontro dele... movimentos para cima e para baixo, lento, rápido, lento novamente, mais rápido...
Passou a ser a vez dela... Sebastian foi beijando o seu caminho até chegar ao ponto de prazer de Liana... Brincou, beijou, lambeu, levou-a quase ao auge, para depois de uma só vez entrar dentro dela... Suspiros, gemidos, gritos abafados... Até ambos se deixarem cair nos lençóis.
- Obrigado por esta noite... - Desabafou Liana enquanto sorria.
- Foi um prazer - brincou Sebastian. - Sabes que te adoro não sabes?
- Sei... - respondeu Liana. Mas as palavras que Sebastian tanto queria ouvir ficaram por dizer.
Apesar de não viverem juntos, Liana e Sebastian dormiam juntos várias vezes por semana. Normalmente em casa dele, mas hoje Sebastian tinha telefonado a perfuntar se podiam sair e depois irem para casa dela.
Enquanto Liana arrumava o seu quarto, pensava no que vestir. Sebastian deu a entender que iam a um restaurante um pouco formal. A primeira coisa peça de roupa que Liana se lembrou seria apropriada foi o vestido preto, curto, que ela tinha escolhido com Rita no 11º ano. Foi o mesmo vestido que Rúben ajudou a despir nessa noite. A noite em que Liana perdeu a virgindade por alguém que a estava a usar.
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- Liana?
- Sim Rita.
- Planos para esta noite?
- Sim, vou sair com o Sebastian. E sabes o que vou levar vestido?
- Não, mas tenho a certeza que te fica a matar, como tudo o resto!
- O vestido preto que comprámos no 11º...
- E isso não te traz recordações?
- Traz. Mas preciso de esquecer isso tudo e perder o meu medo. Acho que tens razão naquilo que me disseste de manhã.
- Óptimo Liana! Diverte-te. Trata bem o meu irmão...
- Ok, vou tentar. Tenho de desligar, ok? Ele deve estar a chegar.
- Ok 'miga. Beijinho.
- Xau, obrigada.
Depois de maquilhagem aqui e ali, Liana olhou-se ao espelho.
- Nem está nada mal.
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- Já te disse que estás muito gira não já?
- Já, umas 10 vezes - respondeu Liana enquanto sorria.
Sebastian estava a tentar o máximo por não pegar em Liana, beijá-la e dizer-lhe que não era igual aos outros. Mas o objectivo era ele fingir que não sabia de nada. Já era um milagre Liana estar a responder positivamente aos seus elogios. Era aproveitar enquanto dura.
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- O jantar estava óptimo, obrigado.
- Não fui eu que o cozinhei, tens de agradecer ao cozinheiro do restaurante. :P
- Tens razão. Mas foste tu que pagaste e escolheste o restaurante.
- Por mim repetíamos todas as semanas.
Liana olhou para Sebastian. Havia esperança, um brilho nos olhos dele, mas algo mais... amor talvez? Como é suposto ela saber se nunca lhe tinha sido esse sentimento demonstrado?
- Ias à falência!
- Pois, isso é verdade. Mas podemos ir agora para tua casa e não se paga nada. ;)
- Vamos - respondeu Liana. E pela primeira vez em 3 meses, andaram de mãos dadas até ao carro.
- A minha mãe vai casar-se Rita! Com 39 anos, 20 anos depois de me ter tido, 15 anos depois do seu último namorado... E tu achas normal?!
- Acho! Se eles já namoram há muito mais de um ano e se estao felizes e se amam, porque não?!
- Será que eu sou a única pessoa que está a ver as coisas como devem ser?!
- Não Liana, tu és a única que vê tudo o que é suposto ser rosinha e perfeito a preto e branco! Eu não sei como o Sebastian te atura...
- Eu também não sei como ele me atura. Já lho disse. E perguntei também porque é que ele não me deixa.
-TU FIZESTE O QUÊ?! Liana, nós precisamos de falar...
Rita, para além de ser a melhor amiga de Liana, era também meia-irmã de Sebastian, que foi adoptado pela família quando tinha 3 anos.
- Liana, o meu irmão adora-te. Ele não é como os namorados que a tua mãe teve, nao é como o teu pai que não conheces, não é como o Rúben!
- Não digas o nome dele! Por favor...
Sempre que o nome Rúben era pronunciado, ódio tomava conta de Liana... Como Sebastian dizia, so mesmo os seus olhos permaneciam serenos.
- Porquê Liana? Porquê tanto medo? Já é tempo de esqueceres sequer que ele existe e deixares o Sebastian gostar de ti.
- Não é medo! É... é... não quero sofrer outra vez!
O telemóvel de Rita começou a tocar. Era Sebastian. Tinham combinado almoçarem juntos.
- Liana, o Sebastian vai tratar-te bem se o deixares. Tenho de ir amiga. Xau
- Adeus...
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Sebastian esperava sentado numa mesa na área de restauração do Centro Comercial pela irmã. Rita e Sebastian tentavam almoçar juntos pelo menos uma vez por semana, o que às vezes se tornava uma tarefa difícil porque os dois estavam a tirar cursos diferentes em universidades diferentes.
- Olá maninho!
- Olá maninha! Então como vai a minha Engenheira preferida?
- Cala-te! - Brincou Rita enquanto se ria. Sebastian estava a tirar Medicina e sempre foi desde pequeno o menino prodígio da família. Isto foi uma razao para alguma inveja da parte de Rita quando eles eram mais novos. Mas agora com 20 anos, Rita tinha um orgulho enorme em ter Sebastian como irmão um ano mais velho.
- Então que vamos almoçar?
- Não sei senhor Doutor, mas deve recomendar-me alguma coisa saudavel não?
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- Então Sebastian, como vão as coisas com a Liana?
Os olhos azuis de Sebastian escureceram de imediato. Era um sinal que a irmã reconhecia como sendo tristeza.
- Não sei, não percebo a tua melhor amiga. Mas tu também continuas a não me explicar não é?
- Sebastian, eu já te disse que só não te contei nada porque a Liana pediu-me para não o fazer. Mas eu estou cada vez mais preocupada com ela e acho que se souberes podemos ajudá-la.
- Mas é assim tão grave? É alguma coisa de saúde? O que é que eu posso fazer?
- Calma...
Rita começou por contar a história da mãe e do pai de Liana. Depois o namorado da mãe quando Liana tinha 5 anos. E depois, Rúben.
- Eles conheceram-se no final do 10º, quando o Rúben foi para a nossa turma... Passaram de amigos a namorados, de namorados a uma obcessão da parte dela. E ele fez dela tudo aquilo que quis. Traiu-a, acabaram, recomeçaram quando ele quis, mais traições, roubou-lhe dinheiro, acabaram e eu convenci-a a nunca mais recomeçarem... E não, nunca mais houve nada. Mas por umas duas vezes depois disso ele obrigou-a a ir para a cama com ele. Eu insisti para ela ir a polícia, mas é claro de que nada iria fazer e so ia piorar as coisas. De repente ele desapareceu, e nunca mais ninguém o viu por aqui. E a Liana também tinha demasiado medo para lhe telefonar, até porque já nada havia entre eles.
Quando a irmã acabou, Sebastian estava sem palavras. Agora tudo fazia mais sentido. Por causa de um... não, três até, filhos de... enfim... ele não podia ter aquilo que Liana lhe tinha para dar.
- E o que achas que posso fazer?
- Tens de lhe provar que não és igual aos outros. Ela está a começar a perceber isso. Que nem todos são como aqueles três.
- Como assim?
- A mãe dela vai casar-se com o namorado de um ano e meio. Foi um choque para a Liana. Ela e a mãe eram tipo "parceiras" em não deixarem nenhum homem entrar na vida delas. Agora a mãe quebrou a "promessa", e está feliz com a decisão. E a Liana começa a questionar se a ideia que ela tem de vocês rapazes nao estará errada.
- O que achas que posso fazer para a convencer de que gosto mesmo dela?
- Eu vou falar mais com ela. Vou fazer de investigadora privada e vou-te dando dicas. Faz de conta que esta conversa nunca existiu. Mas na minha opinião, ela lá no fundo gosta de ti, mas ainda não se apercebeu disso. Eu vou fazer os possiveis para vos ver juntinhos.
A conversa já ia tão longa que Sebastian e Rita há muito tinham acabado de almoçar e passeavam pelo centro comercial. Despediram-se e Rita foi estudar para casa, enquanto Sebastian telefonava a Liana. Hoje ia começar uma fase nova na relação deles. Ou assim ele o esperava.
Os seus cabelos longos, dourados e perfeitamente lisos eram o seu tesouro e motivo de inveja para muitas. A primeira vez que ele ouviu isso da boca dela, duvidou logo.
- Não concordo. Tens muito mais do que cabelos bonitos. Tens os olhos mais cativantes que alguma vi...
Os olhos de Liana eram de um verde-água e brilhavam seja lá que hora fosse, não reflectiam nunca o seu estado de espírito. Mesmo quando ódio tomava conta dela, os olhos de Liana permaneciam límpidos e brilhantes. Sebastian costumava dizer que gostava que Liana tivesse a alma que os seus olhos transmitiam. A expressão "os olhos são o espelho da alma" não funcionava para a sua atraente namorada.
- Cala-te, nem comeces...
Sebastian suspirou. É sempre assim. Um elogio a Liana é muito pior do que uma crítica. Principalmente se o elogio vier dele. Mas nada melhor do que um banho para limpar as desgraças do dia.
Enquanto o seu namorado se despia, Liana olhava-o subtilmente. Namorado... uma palavra que a irritava um tanto. Para ela, um namorado não é igual a gostar de alguém. Não, nunca mais. A primeira vez e a última que isso aconteceu, Liana sofreu e sofreu. Agora, um namorado é alguém com quem ela tem relações por quem se sente atraída. Ponto final, parágrafo.
Enquanto a água quente corria pelo eu corpo, Sebastian pensava em Liana. O dia em que a conheceu... Através da irmã e muita persistência, ele lá arranjou o seu número de telemóvel. E devido a ainda mais persistência, ela concordou em sair com ele. Definitivamente a primeira saída foi com a esperança que ele a deixasse em paz. Mas Sebastian não se deu por vencido. Depois de uma saída, veio uma segunda e uma terceira. Tudo em Liana o excitava... O corpo dela era tão perfeito que ele pensava que tal beleza não existia numa pessoa só. Mas a verdade excruciante para Sebastian é que desde essas primeiras saídas, pouco mais de Liana lhe tinha sido dado a conhecer. Ou melhor, o corpo de Liana ele acabou por conhecer melhor do que o seu. Mas os segredos dela, os medos, os sonhos, ... O passado! Nada disso Sebastian sabia sobre a sua deusa de cabelos dourados. E até tinha medo de perguntar...
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Liana começou a marcar o número de telefone que sabia de cor.
- Olá Mãe. Como estás?
- Olá Liana, querida, estou óptima! Tenho óptimas novidades! Estás sentada?
A última vez que que Liana ouviu a sua mãe dizer isto, foi para lhe dizer que tinha arranjado um namorado. Sim, isso mesmo. Um namorado. Carla, agora com 39 anos, foi mãe solteira aos 19. O namorado da altura deixou-a sem nada. Ou melhor, deixou-lhe a sua querida Liana para criar e mimar. E deixou também um alerta para as duas mulheres, que homens não são de confiança. Mas a gota de água foi quando Carla se "esqueceu" do alerta e se envolveu com outro homem, tinha Liana 5 anos, e este as deixou sem dinheiro devido ao vício dos jogos no casino. Depois de um namoro de um ano e meio, Carla esqueceu que o sexo masculino existia. Até à um ano e meio quando Paulo, um empresário de sucesso de 40 anos, entrou em cena.
- Eu e o Paulo... vamos casar-nos!!
Liana tinha-se esquecido do aviso da mãe para se sentar...
- O quê? mas vocês só se conhecem há...
- Um ano e meio? Achas que é pouco tempo? Filha, foram os meses mais felizes da minha vida! Ele pediu-me ontem, foi tão romântico, deu-me um anel de diamantes com 2,5 kt... E a lua de mel...
Liana não ouviu mais nada apesar de estar com o auscultador no ouvido. Dois namoros falhados que a sua mãe passou, e um namoro mais do que falhado que Liana tinha passado levaram a que o seu coração fosse reguardado contra desilusões amorosas. E Liana fazia isto sendo fria e não deixando nenhum homem gostar dela. Era o que acontecia em relação a Sebastian.
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