Sábado. Enquanto Liana tentava reunir forças para se levantar da cama, pensava em tudo o que tinha acontecido no dia anterior... O elogio de Sebastian de manhã, as aulas, a escolha do bouquet, o aparecimento de Rúben e a discussão com Rita. Tudo num dia que até tinha começado bem.
A única razão pela qual Liana não lhe tinha contado sobre o reaparecimento de Rúben foi porque não queria preocupar demasiado a amiga, e muito menos queria que Rita fosse contar a Sebastian o que se tinha passado. Mal sabia Liana que Sebastian já sabia da história toda desde à alguns dias... E quando Liana conseguiu finalmente levantar-se, algo lhe dizia que a semana ia acabar pior do que tinha começado.
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- Olá Liana.
Não podia ser... Liana estava já vestida e tinha acabado de abrir a porta do seu apartamento quando deu de caras com Rúben.
- O que é que estás aqui a fazer? - perguntou Liana, num tom indignado. Ela tinha prometido a si mesma que ia ser forte e não deixar Rúben tomar conta da vida dela - Como é que descobriste que eu vivia aqui?
- Querida, tenho os meus meios... E estou aqui porque queria falar contigo.
- Pára de me chamar querida, e eu não quero...
- Mas tu és uma querida! Não te estou a chamar "minha" querida... Já vi que estás diferente do passado... Mas eu sei que queres ser minha outra vez...
E sem dar tempo para Liana reclamar, Rúben inclinou-se e beijou Liana, puxando-a contra ele com tanta força que ela mal conseguia respirar.
E ao mesmo tempo, Sebastian olhava imobilizado das escadas, com vontade de... Ele não sabia o que fazer.
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- Larga-me! Pára... estás a aleijar-me! - suplicava Liana.
Não foi preciso mais para Sebastian entrar em acção. Puxando Rúben para longe de Liana, Sebastian fechou o punho e atingiu Rúben na cara, com tanta vontade que por breves segundos Rúben nem sabia onde estava.
- Sebastian?... O que... Oh meu Deus...
- Quem é este?! - perguntou, praticamente a berrar, Sebastian, respirando furiosamente e olhando para Rúben de soslaio.
- Este... É o Rúben... - respondeu Liana, sentindo-se tão fraca que falar era uma tarefa quase impossível.
Sebastian mal conseguiu conter a raiva que se apoderou dele. Este é que era o Rúben... E as palavras que Rita tinha dito vieram-lhe à memória: "traiu-a, roubou-lhe dinheiro", "de repente desapareceu".
- Não andavas desaparecido? O que é que queres mais dela?
- Não sei quem és! Eu não tenho que te explicar nada!
- Ai tens sim meu cabrão!! - gritou furiosamente Sebastian, agarrando Rúben pelo colarinho da camisa e encostando-o à parede - Se tu voltas a aproximar-te da minha namorada, eu juro que te parto todo! Ficas desaparecido para sempre. Que tal? Ainda queres saber quem sou, ou vais pôr-te a andar?!
- Isto não vai ficar assim... - avisou Rúben, enquanto descia as escadas do bloco de apartamentos, ainda atordoado pelo murro de Sebastian.
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- Estás melhor?
- Sim, obrigado. Por tudo...
Depois de Rúben ter saído, Sebastian levou Liana novamente para dentro de casa e abraçou-a durante mais de uma hora, enquanto ela chorava e chorava, tentando explicar tudo a Sebastian por entre soluços.
- Desculpa... Eu... Ele... Ex... Namorado... Desapareceu...
- Eu sei Liana, meu amor, não há problema, eu sei...
- A... Rita... Contou... Não foi?
- Foi, mas não te chateies com ela. Ela só te quer ajudar, e passei a perceber tudo muito melhor depois de saber de tudo. S eu não tivesse sabido, hoje tinha pensado que me estavas a traír - logo que as palavras tinham sido ditas, ele sabia que tinha sido um erro.
- Eu sei! Desculpa... Eu... Desculpa...
- Não há problema, eu percebo. Tenta dormir, ok?
- Ok... - respondeu Liana. Pouco tempo depois já tinha adormecido, enquanto Sebastian telefonava à irmã e relatava o que tinha acontecido.
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. VIII. Um murro no passado...